No Mundial de Clubes, a programação de partidas em períodos de calor extremo está causando polêmica.

O Mundial de Clubes, que acontece até 13 de julho nos Estados Unidos, parece ser uma fonte inesgotável de controvérsia. Após críticas ao novo formato da competição — expandido pela primeira vez para 32 seleções, somando-se a uma programação já superlotada — e à dimensão comercial do torneio — com uma premiação total de quase US$ 1 bilhão (€ 865 milhões) —, agora os horários das partidas são o foco das críticas.
O Paris Saint-Germain (PSG) estreou no domingo, 15 de junho, ao meio-dia (horário local), contra o Atlético de Madrid ( vitória por 4 a 0 para os comandados de Luis Enrique ), em Pasadena, perto de Los Angeles (Califórnia)... sob um calor escaldante, com temperaturas chegando a 40°C sob o sol. " É impossível [jogar], reclamou o meio-campista dos Colchoneros, Marcos Llorente, após a partida. Ninguém na Europa está acostumado a jogar com este calor. Meus dedos doíam, eu não conseguia mais acelerar."
O técnico do PSG concordou. Em declarações à emissora DAZN, Luis Enrique lamentou as condições em que a partida ocorreu, afirmando ser impossível manter um "nível altíssimo" em campo durante 90 minutos.
A Federação Internacional de Futebol (FIFA) ainda não se pronunciou oficialmente sobre essa polêmica emergente. Mas o fato de PSG e Atlético terem jogado ao meio-dia na Califórnia não é coincidência: o horário foi explicado pelo desejo de transmitir a partida em horário nobre na Europa – o início do jogo foi às 21h em Paris e Madri. Na França, a partida foi transmitida pela TF1, além da plataforma DAZN.
“Risco muito alto de estresse por calor extremo”O assunto deve voltar a ser discutido nos próximos dias, onde diversas partidas devem colocar os corpos à prova, a começar pelo duelo entre o Real Madrid e o clube saudita Al-Hilal, marcado para quarta-feira, 18 de junho, às 15h, em Miami (Flórida), com termômetro previsto para ultrapassar os 30°C à sombra...
Essa situação também deve se repetir durante a Copa do Mundo de 2026, coorganizada pelos Estados Unidos, Canadá e México. O torneio acontecerá de 11 de junho a 19 de julho, período em que o calor pode atingir picos na América do Norte, um fenômeno agravado pelas mudanças climáticas.
Jogadores de futebol estarão expostos a um "risco muito alto de estresse térmico extremo" em dez dos dezesseis estádios que sediarão os eventos, alertou um estudo publicado em novembro de 2024 na revista Scientific Reports . Nos locais com maior risco à saúde — Arlington e Houston, no Texas, e Monterrey, no México —, os jogadores terão que suportar temperaturas estimadas em quase 50°C, condições potencialmente perigosas para a saúde. Portanto, os especialistas recomendam a realização das partidas durante as horas mais frescas do dia. A FIFA certamente não seguiu essa recomendação para este Mundial de Clubes.
Alexandre Lemarié (Miami [Flórida], correspondente especial)
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