Elevador da Glória nunca foi fiscalizado pela ANSR

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O edifício em que embateu um dos elétricos do Elevador da Glória, em Lisboa, possui “totais condições de segurança”, revelou a Proteção Civil Municipal, antecipando que no domingo seja possível abrir uma via pedonal e acesso ao comércio.
“Após a verificação e inspeção pelos serviços da CML [Câmara Municipal de Lisboa] e da Proteção Civil Municipal, foi também possível aferir as totais condições de segurança do edificado atingido pelo acidente”, pode ler-se numa nota do organismo enviada à Lusa.
Segundo a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, Margarida Castro Martins, antes da total abertura da via “será ainda necessário aguardar pela secagem do pavimento para se poder iniciar a recalcetagem dos passeios, o que se espera terminar domingo ao início da tarde”.
“Será ainda necessário uma posterior intervenção no sistema de drenagem pluvial que só se poderá realizar previsivelmente na segunda-feira durante a manhã após consolidação da via”, precisou ainda.
De acordo com a responsável “é expectável que já no domingo à tarde seja possível abrir uma via pedonal e acesso ao comércio”, e que entre segunda e terça-feira, consoante o decorrer dos trabalhos, “se possa efetivar a total abertura de toda a zona afetada e a normalização de toda a zona”.
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O presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) lamentou hoje que Portugal não tenha uma “cultura de simulacro” para avaliar os riscos dos equipamentos públicos e defendeu mais vistorias regulares da proteção civil.
Comentando o descarrilamento, na quarta-feira, do Elevador da Glória, em Lisboa, que causou 16 mortos e 23 feridos, Fernando Curto elogiou a decisão da Câmara de suspender os outros equipamentos do género para vistorias, mas lamentou que só depois de um acidente se pense na fiscalização.
O presidente da ANBP defendeu “um calendário cíclico e normal” para que os bombeiros e outras entidades “possam fazer, de quando em vez, as vistorias e o acompanhamento a estes locais”.
“Se isso acontecer, a probabilidade do risco é muito menor”, explicou, considerando que o país não promove também simulacros de modo regular.
“No âmbito das nossas atividades, eu tenho dito às entidades públicas” que são necessários simulacros para testar a resposta a situações de crise, recordou Fernando Curto.
Mas “as respostas que temos é que, durante o período do simulacro, [as instituições] vão perder dinheiro, seja num museu ou noutro lado, e isto é anedótico, triste e lamentável porque deveriam ser eles os próprios dinamizadores” dessas ações, precisou.
“Todos os organismos públicos e privados deveriam ir junto dos bombeiros, ter uma estrutura” que permitisse uma “rotina de simulacros” para avaliar os riscos, acrescentou.
Isso “iria, de certeza absoluta, diminuir o risco, diminuir mortes e diminuir prejuízos”, salientou ainda.
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O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) era para ter revelado a nota informativa sobre as constatações iniciais ao acidente com o elevador da Glória esta sexta-feira, mas essa divulgação foi adiada para hoje.
“Atendendo a que, como é do conhecimento público, a remoção dos veículos e destroços envolvidos no acidente se prolongou por toda a noite e madrugada e que o GPIAAF teve também a necessidade de acompanhar, esta tarde, diligências adicionais promovidas pelo Ministério Público, que terminaram há pouco, não é possível proceder hoje à publicação da Nota Informativa. A sua publicação será feita durante a tarde de amanhã, sábado”, adiantou esta sexta-feira à agência Lusa.
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Os elevadores históricos da Glória e do Lavra nunca foram fiscalizados pela Autoridade Nacional de Segurança Ferroviária (ANSF), ao contrário dos ascensores da Bica e de Santa Justa, avança o Público na edição de hoje.
O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), que tem a tutela da ANSF, disse ao jornal que, de acordo com legislação aprovada em 2020, deixou de ter competências de supervisão de “sistemas de transporte por cabo” construídos antes de 1986 e classificados como património. O elevador da Glória foi declarado monumento nacional em 2002.
Segundo as explicações providenciadas ao diário, até 2020, o IMT, por lei, tinha de supervisionar sistemas de transporte por cabo em ascensores que não tivessem tração própria, o que acontece com os ascensores de Santa Justa e da Bica, pois o seu movimento necessita apenas do cabo que os faz subir e descer.
Todavia, os da Glória e do Lavra “têm motores incorporados (tracção própria), embora dependam também do cabo que os mantém ligados, mas apenas para efeitos de contrapeso”.
O IMT continuou a fiscalizar os ascensores da Bica e de Santa Justa, mas apenas como “um gesto de boa vontade e boa cooperação” com a Carris, que opera os quatros elevadores históricos de Lisboa.
A responsabilidade pela segurança dos ascensores pertence à Carris e, de acordo com uma diretiva da União Europeia, compete apenas à ANSF garantiu que as regras são cumpridas.
“Uma tarefa essencialmente burocrática que passa pela análise de certificados de segurança e a validação de sistemas de gestão de segurança”, escreveu o Público.
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Bom dia. Neste liveblog vamos continuar a acompanhar todos desenvolvimentos do descarrilamento do Elevador da Glória. Pode recordar os acontecimentos de sexta-feira neste outro artigo, agora encerrado. Obrigado.
observador