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Romeu, Julieta e Hélade. Já se passaram 40 anos desde uma das maiores sensações da história da Série A

Romeu, Julieta e Hélade. Já se passaram 40 anos desde uma das maiores sensações da história da Série A

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o título de campeão italiano tem sido quase exclusivamente concedido a clubes que atuam na capital de uma determinada região. O Scudetto é um assunto interno de um pequeno grupo de equipes. É por isso que os entusiastas do cálcio lembram-se do que aconteceu em 12 de maio de 1985 com grande entusiasmo.

Naquele dia, o Hellas Verona quebrou o paradigma e, após um empate por 1 a 1 com a Atalanta, em Bérgamo, triunfou na Série A. Pela primeira vez na história, o campeonato foi vencido por um time do Vêneto, que, aliás, não joga na cidade mais importante da região (Veneza). Segunda-feira marca o 40º aniversário desta vitória histórica que deixou Verona frenético. No domingo, antes da partida do Gialloblu contra o Lecce, a maioria dos jogadores da equipe apareceu no estádio Bentegodi. Os fãs os receberam com aplausos. Há alguns dias, eles e as pessoas que trabalhavam no clube na época foram agraciados com o título de cidadãos honorários da cidade dos amantes.

Como a lenda nasceu

A vitória do Verona foi definitivamente inesperada, mas não foi totalmente acidental, já que o clube vinha operando de maneira muito inteligente e ponderada durante vários anos.

A virada aconteceu em 1981, quando o time jogou pela terceira temporada consecutiva nas categorias de base da Série A. Naquela época, o milanês Osvaldo Bagnoli, então com 46 anos, que havia deixado o Cesena após levá-lo à elite, foi contratado como técnico. O papel de diretor esportivo foi assumido por Emiliano Mascetti, de 38 anos, o lendário meio-campista do Gialloblu que havia encerrado sua carreira no futebol no Hellas apenas um ano antes. Naquele verão, o time recebeu os primeiros jogadores que se tornariam os pilares do time vencedor do Scudetto: o goleiro Claudio Garelli e o meio-campista Antonio Di Gennaro. O zagueiro Roberto Tricella estava no elenco desde 1979.

O primeiro passo do Verona foi a promoção à elite da Itália em 1982. Conforme descrito no livro "Lo scudetto del Verona", escrito pelos jornalistas Paolo Condo e Adalberto Scemma, Mascetti creditou aquela temporada como importante na construção do time que mais tarde conquistaria o título. O diretor esportivo acompanhou todas as partidas ao lado de Bagnoli e com o tempo entendeu o que ele precisava. Em 1982, o ponta Pietro Fanna, o meio-campista Domenico Volpati e o lateral Luciano Marangon se mudaram para o Verona, enquanto em 1983 eles foram acompanhados pelo zagueiro Mauro Ferroni, pelo zagueiro Silvano Fontolan e pelo atacante Giuseppe Galderisi.

A espinha dorsal da equipe foi construída e depois preservada. Era composto por alguns jogadores que ainda tinham espaço para desenvolvimento, mas cujos times anteriores decidiram vendê-los (como Fanna e Galderisi, da Juventus). Em suas primeiras temporadas na elite, o Verona chegou à final da Coppa Italia duas vezes e terminou em quarto e sexto na tabela da Série A. Ferdinando Chiampan, revendedor da Canon na Itália, que mudou seu papel no clube de patrocinador para acionista majoritário em 1982, certamente ficou satisfeito com esses resultados.

Milagre em Verona

No verão de 1984, mais estrelas do futebol se mudaram para a Itália para jogar na Série A. Os meio-campistas brasileiros Junior (para o Torino) e Sócrates (para a Fiorentina), o atacante da Alemanha Ocidental Karl-Heinz Rummenigge (para a Inter) e o já lendário argentino Diego Armando Maradona (para o Napoli) foram todos para a Península Itálica. A elite italiana inclui campeões como Michel Platini e Zbigniew Boniek (Juventus), Zico (Udinese), Falcao (Roma), além de jogadores italianos que venceram a Copa do Mundo na Espanha em 1982. A elite italiana era a liga mais forte do mundo naquela época.

Hans Peter Briegel do Hellas Verona e Diego Maradona do Napoli. A partida ocorreu em 20 de janeiro de 1985.
Hans Peter Briegel do Hellas Verona e Diego Maradona do Napoli. A partida ocorreu em 20 de janeiro de 1985. (Foto: FOT.IMAGO/NEWSPIX.PL / newspix.pl)

É por isso que o alegre alemão (é assim que a língua italiana chama um jogador universal) Hans-Peter Briegel e o atacante dinamarquês Preben Elkjaer Larsen (que recebeu uma oferta do Real Madrid) decidiram se juntar ao pequeno clube como o Verona. Esses eram jogadores de classe mundial. Naquela época, apenas dois jogadores estrangeiros podiam entrar em campo, e o representante polonês Władysław Żmuda, que se lesionou com frequência durante os dois anos que passou lá, tinha acabado de se despedir da Grécia.

O Verona era considerado um time forte na época, mas não forte o suficiente para ganhar o campeonato. Os fatos contrariaram essa teoria na primeira rodada, já que o time derrotou um rival que era um dos favoritos a ganhar o Scudetto – o Napoli, onde Maradona estreou na Série A – e perdeu por 1 a 3. Briegel o cobriu durante toda a partida e também marcou o primeiro gol. O Hellas começou a temporada tão bem que aproveitou o momento para vencer o Ascoli (3-1) e a Udinese (1-0) nas quatro partidas seguintes, empatar por 0 a 0 com a Inter e vencer por 2 a 0 em casa contra a Juventus. Naquele último jogo, Elkjaer marcou um gol… sem chuteira – uma vitória que ficará na memória dos fãs do Gialloblu para sempre.

Semanas se passaram, mas o Hellas ainda liderava a tabela da Série A. Como lembra o livro "Lo scudetto del Verona", a opinião geral era que mais cedo ou mais tarde a equipe perderia o primeiro lugar. Isso não aconteceu – o time não era apenas cheio de jogadores de qualidade, mas também coeso, todos se ajudavam e eram amigos.

Isso é evidenciado pelo fato de que a maior parte da equipe passou a véspera de Ano Novo junta nas montanhas (em Cavalese). Em certo momento, Fanna levantou seu copo e disse que 1985 seria "nosso ano". E foi isso que realmente aconteceu, porque a Hellas perdeu apenas duas partidas (1:2 cada – com Avellino em janeiro e com Torino em abril), dividiu o primeiro lugar com a Inter apenas em uma rodada (20 de janeiro) e em 12 de maio, uma rodada antes do final da temporada, comemorou o título de campeão após um empate com a Atalanta. Quase 30.000 pessoas se reuniram na Piazza Bra, em Verona, entre 21h e 22h. fãs. O sonho se tornou realidade.

Lembrado até hoje

Esta história pertence a uma era diferente do futebol, mas o Scudetto conquistado pela Grécia continua sendo uma lição inestimável no esporte até hoje. Aquele clube não tinha o mesmo orçamento que seus maiores rivais. Ele mostrou que é possível criar um bom time ao longo do tempo, com jogadores que não são estrelas, mas ainda podem melhorar suas habilidades. O que conta são as ideias e a visão de futebol que Mascetti e Bagnoli tinham. Os relacionamentos humanos são importantes.

“A relação entre Bagnoli e seus jogadores é o coração desta história”, disse Paolo Condo ao jornalista de Verona, Gianluca Vighini. Os jogadores daquela Grécia mantêm contato até hoje, e alguns deles ainda visitam Bagnoli, que ainda mora em Verona. A cidade de Romeu e Julieta agradecerá eternamente a esses heróis.

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