Bayern perde para o Benfica no Mundial de Clubes – risco calculado pela Kompany

É bem possível que o FC Bayern tivesse passado invicto pela fase de grupos do Mundial de Clubes se Miroslav Klose estivesse jogando. A derrota do Munique por 1 a 0 para o Benfica, em Lisboa, no calor escaldante de Charlotte, foi o resultado de dois tempos contrastantes. No primeiro tempo, o time do Bayern, com sete mudanças na escalação, teve dificuldades para entrar no jogo. Após o intervalo – e com a entrada de jogadores de primeira linha como Harry Kane, Michael Olise e Joshua Kimmich –, o campeão alemão recordista foi claramente o melhor time, criando chances atrás de chances, mas perdendo o empate e, assim, vencendo o grupo de todas as maneiras possíveis (incluindo um gol de Kimmich anulado por impedimento).
Após a partida, um suado Thomas Müller se apresentou diante de repórteres suados e relembrou o maior sucesso de sua carreira em declínio: a "gloriosa vitória na Copa do Mundo" que conquistou com a seleção alemã no tradicional torneio mundial de 2014. A seleção alemã teve "um, dois, dois jogos e meio de destaque" no torneio, disse Müller, especialmente, é claro, a vitória por 7 a 1 na semifinal contra o anfitrião Brasil e a final por 1 a 0 contra a Argentina. Em outras palavras: as partidas restantes rumo à Copa do Mundo não foram exatamente de destaque.
É por isso que Müller – assim como o restante do FC Bayern – continua acreditando em um Mundial de Clubes de sucesso, apesar da derrota para o Benfica. Terá sido a partida apenas um contratempo no caminho para a glória? Como a árdua vitória da Alemanha contra a Argélia nas oitavas de final de 2014, palavra-chave: balde de gelo? "Foi mais como Gana – só que não marcamos o gol de empate. Miro Klose estava ausente", disse Müller. Um rápido resumo: em 2014, Klose, agora com 47 anos e técnico do 1. FC Nürnberg, marcou o gol de empate por 2 a 2 na segunda partida da fase de grupos contra Gana.

Pouco antes do final da partida da Copa do Mundo entre a seleção alemã e Gana, em julho de 2014: Miroslav Klose marca para fazer 2 a 2 – e evita a derrota.
Fonte: imago/Sven Simon
A interpretação de Müller foi, no geral, a mesma que o FC Bayern adotou após a derrota por 1 a 0 para o Benfica: uma derrota irritante, mas sem problemas, porque já havia garantido sua vaga nas oitavas de final e porque todo time importante tem uma ou duas participações em torneios em que sofre. Que o time de Munique perdeu o primeiro lugar do seu grupo por causa da derrota e agora, como vice-campeão da fase de grupos, poderia enfrentar o Flamengo do Rio de Janeiro nas oitavas de final (domingo, 22h, DAZN) e, em seguida, o Paris Saint-Germain, vencedor da Liga dos Campeões, nas quartas de final? Também aqui, eles concordaram claramente em suas respostas: se você quer vencer o torneio, precisa vencer todos os adversários.
Na longa história do campeão alemão, a derrota para o Benfica foi a menos dolorosa, e foi resultado de um risco calculado pelo técnico Vincent Kompany. Como a equipe já havia se classificado para as oitavas de final após os dois primeiros jogos da fase de grupos contra Auckland City (10-0) e Boca Juniors (2-1), e como estava claro que a próxima partida, sob um calor insuportável, seria em poucos dias, Kompany optou por uma rotação radical.
O primeiro tempo fraco mostrou que a diferença entre o primeiro e o segundo time do Bayern é considerável, mas Kompany não voltou atrás em sua decisão de estender as exigências especiais do Mundial de Clubes a todo o elenco: "O que você diz quando os jogadores estão mortos na próxima rodada porque jogaram 90 minutos neste calor (contra o Benfica)?", perguntou ele na sala de coletiva de imprensa bem refrigerada.
Para Kompany, ficou claro que, como a vaga nas oitavas de final já estava garantida, ele precisava dar um descanso aos seus principais jogadores na última partida da fase de grupos para que não fossem eliminados antes do início das oitavas de final. O Mundial de Clubes, com seu calor extremo, é particularmente importante para todos os treinadores em um torneio: eles não apenas orientam o jogo em questão, mas também precisam considerar o desenrolar da competição. A rotação de Kompany contra o Benfica foi, portanto, também uma preparação para as oitavas de final. E a manobra teve o apoio do clube: "Foi assim que foi planejado e foi assim que foi implementado", disse o diretor esportivo Christoph Freund sobre a extensa reestruturação do time titular: "Em breve teremos o próximo jogo."
A derrota para o Benfica não é necessariamente motivo para tirar o Munique da lista de favoritos ao Mundial de Clubes. Aliás, é raro que um campeão impressione em todas as partidas. O caminho da Alemanha para a vitória na Copa do Mundo de 2014 incluiu atuações fracas contra Gana e Argélia. Portugal sagrou-se campeão europeu dois anos depois, apesar de empatar três vezes na fase de grupos. A Argentina começou a Copa do Mundo de 2022, que acabou coroando a equipe campeã, com uma derrota para a Arábia Saudita.
No Mundial de Clubes, o troféu também só será entregue após a final, e não após a fase de grupos. "Em um torneio como este, o importante é passar da fase de grupos", disse Müller. "A fase eliminatória é um recomeço. Estamos convencidos de que continuaremos na competição por muito tempo." Aliás, mesmo sem Miroslav Klose.
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